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Por Aletéia Ferreira,
Josiany Fiedler Vieira, Paula Rigo
Número
53
Resumo
O presente
artigo tem como objeto de estudo o fenômeno
da moda EMO nos blogs da rede mundial de computadores.
Fenômeno que nasceu na década de
80 e está presente no universo dos adolescentes
brasileiros que apóiam, criticam e que
tem coragem de assumir na rede mundial de computadores
a não violência e o amor acima de
tudo. A moda EMO tornou-se um estilo de vida
e possui muitas comunidades no orkut e blogs
que tratam do tema. Como a influência do
estilo EMO se reflete na comunicação
visual de blogs e sites; ícones, tendências
e linguagem visual utilizada. Esses elementos
visuais contribuem para uma caracterização
do estilo do ponto de vista estético.
Abstract
The
present article has as study object the fashion´s
phenomenon EMO in blogs of the world wide web.
Phenomenon that was born in 80´s and is
present in the universe of the Brazilian adolescents
who support, criticizes and that it has courage
to assume in the world wide web the non-violence
and the love above of everything. The EMO´s
fashion became a philosophy of life and have
many communities in orkut and blogs that they
deal with the subject. As the influence of EMO´s
style if it reflects in the visual communication
of blogs and sites; icons, trends and used visual
language. These visual elements contribute for
a characterization of the style of the aesthetic
point of view.
Introdução
A moda é cercada de ambigüidades
a começar pela etimologia da palavra.
A palavra moda é originária do
Francês mode e é o uso, hábito
ou estilo geralmente aceito, variável
no tempo e resultante de determinado gosto, idéia,
capricho e das interinfluências do meio
em que o indivíduo está associado
(Amaral, et al., 2006). Com o desenvolvimento
urbano, a busca pelo status na estrutura social
foi um dos fatores que fizeram da moda algo essencial
para as sociedades, principalmente em relação
à distinção social.
A partir dos
anos 60 e 70 várias subculturas1
como os hippies e os punks começaram
a contestar essa distinção social
e a política da época. Esses dois
estilos antimodas tornaram-se alvos da indústria
cultural.
Verificou-se
que os estilos de vestimentas antimodas (como
os hippies e punks) nascidos
respectivamente nos anos 60 e 70, tornaram-se
alvo da indústria cultural, que os reproduziram
como novos e simples “produtos culturais”,
processo sintomático dos procedimentos
do mercado da moda que, através de vitrines,
publicidade etc., parecem oferecer uma gama
de mercadorias correspondentes aos estilos e
gostos de indivíduos singulares e particulares.
Diante disso, todos os movimentos de caráter
subversivo que emergiram em meados dos anos
60 –em particular o movimento
hippie-, foram apropriados pelos meios
de produção, de comunicação
e por seus agentes, e transformados em simples
objetos de consumo (Trinca, 2005).
O movimento
punk, se ainda estivesse vivo, estaria
completando 30 anos de vida. Constituído
em Londres por uma meia dúzia de pessoas
undergrouds (que eram na época
estudantes, desempregados, prostitutas, etc)
o movimento ganhou destaque com a banda Sex Pistols
– quarteto musical formado pelos desempregados
Johnny Rotten (vocalista), Steve Jones (guitarrista),
Paul Cook (guitarrista) e Glen Matlock (baixista)
que posteriormente foi substituído por
Sid Vinicius – que se tornou o maior ícone
do movimento punk. Por meio dessa banda
criada em uma Inglaterra em crise política
e econômica a banda ganhou destaque na
mídia e no mainstream (grande
público), devido ao visual rebelde (eram
vestidos pela estilista Vivienne Westwood) e
rock distorcido e cru, indo totalmente ao contrário
da música hippie da época.
A filosofia
punk era a do “se você não
gosta do que existe, faça você mesmo
– ou, simplificando, o lema do it yourself”
(Orozco, 2005). Baseados nessa filosofia os adeptos
do movimento passaram a criar as próprias
vestimentas, a moda e a própria música.
O visual, como ainda é conhecido, são
de cabelos coloridos e espetados, roupas rasgadas,
jaquetas de couro, geralmente tacheadas, camisetas
pretas, braceletes de aço ou core tacheados,
alfinetes de segurança presos à
roupa ou dependurados no nariz e nas orelhas.
A filosofia punk atingiu todas as classes
sociais “Jovens de diferentes grupos socioeconômicos,
diferentes origens e diferentes países
se identificaram imediatamente com o movimento,
como forma de negação e de revolta”
(Rocha, 2005).
Moutinho (2000)
destaca que a estilista Vivienne Westwood2,
nascida em 1941 é conhecida popularmente
como a “estilista punk”,
excêntrica, provocativa e irreverente.
Ela levou das ruas de Londres para as butiques
a estética do movimento, transformando
o punk em moda. Com 34 anos de carreira,
a estilista britânica foi homenageada com
uma exposição apresentada pelo
Victoria & Albert Museum (Londres). É
a maior mostra dedicada a um designer de moda
já realizada pelo centro.
Mas o movimento, apesar de não existir
mais (pelo menos com a força que possuía)
deixou resquícios em várias áreas,
passando pela música, literatura, moda
até atingir a cultura eletrônica.
Os novos
punks “paz e amor”
No
século XXI estilos de vida como patricinhas,
mauricinhos, góticos, punks e
neo-hippies convivem com uma nova tribo, os emos.
O nome vem de emotional hardcore, vertente
do punk que mescla som pesado com letras
românticas. Esse gênero intitulado
de emocore surgiu em Washington, nos Estados
Unidos, na década de 80, para denominar
bandas com batidas pesadas, mas com letras introspectivas
que falavam de sentimentos.
A banda gaúcha
Fresno, uma das prediletas dos emos, demonstra
um pouco deste estilo nas letras das músicas.
Uma delas, a música "Duas Lágrimas"
possui trechos como “Uma lágrima
rolou do meu olho ao perceber que era a única
vez que eu ia ver você, outra lágrima
rolou dentro do meu coração ao
ver a velocidade com que as vidas vêm e
vão”. Para Souza “uma música
não pode ser emo se ela não conter
sentimentos como o amor, a decepção
e a dor” (Souza, 2005).
Esse estilo
musical que fez sucesso nos Estados Unidos está
sendo transformado em estilo de vida para adolescentes
das grandes cidades do Brasil3,
que adequam o seu comportamento e a sua atitude
por causa dessa nova moda. O que está
distinguindo os emos no Brasil não é
somente a música, mas principalmente as
vestimentas. “São capazes de misturar
as botas do punk, o colar de Wilma,
a mulher de Fred Flintstone, e uma camiseta com
a gatinha Hello Kitty” (Antunes, 2006).
A moda emo e sua disseminação
na rede
Fig 1 (Estadão, 03/05/2006)
Fig 2 (Revista Época,
2006)
Os adolescentes
emos tem entre 11 e 20 anos. Eles misturam roupas
pretas com estampas de desenho animado, botas
punk, tênis rosa, colar de bolas,
camisas justas, possuem longas franjas e pintam
os olhos. A linguagem é outro diferencial.
Esses adolescentes falam sempre no diminutivo,
trocam letras em conversas via Internet e chamam
as amigas de “maridas”.
Palavras terminadas
em “inho” como amorzinho, lindinho,
fofinho são constantes nas conversas emos.
Na Internet, maior veículo de disseminação
desta cultura, frases como "Sabia que eu
te amo?" se transformam em "Xabia q
eu ti amu?".
Só no
Brasil existem mais de mil comunidades no Orkut
– site de relacionamento - que falam dos
emos, a maioria é contrária a filosofia
de vida destes adolescentes. Comunidades como
“eu odeio emos” ou “morte aos
emos” são as que mais existem no
site de relacionamentos.
Para pertencer
a “tribo” dos emos os adolescentes
precisam gostar de música emocore. O
estilo mescla a batida hardcore com letras românticas
e poesias adolescentes; viver na internet e
no Orkut. Todas as bandas emos brasileiras colocam
suas composições em sites; ser
emotivo. Os emos choram ouvindo músicas
que falam de amores perdidos e rejeição
dos pais; Dar demonstrações explícitas
de carinho. Meninos e meninas se beijam, se
abraçam em público, seja com pessoas
do sexo oposto, seja com as do mesmo sexo; Aceitar
a opção sexual do outro sem preconceitos;
Criticar pessoas violentas. Bater é altamente
reprovável entre os emos; Escrever diários,
poesias e músicas. Isso vale para meninas
e meninos; Usar roupas que mesclam a rebeldia
punk com os ícones infantis. Meninas
e meninos usam rosa; Usar cabelos lisos com
enormes franjas no rosto. Usadas somente de
um lado, denotam certa ambigüidade sexual;
Não curtir drogas; Lutar por um mundo
sem violência, em que um dia todos se
abracem sem parar. (Cotes, 2006).
Apesar de terem
se inspirado no punk por causa da música
pesada e de não estarem contentes com
a sociedade atual e criarem uma nova tribo, também
baseados na filosofia punk do “se
você não gosta do que existe, faça
você mesmo”4
(Orozco, 2005) esses adolescentes também
possuem as características dos hippies
dos anos 60, que também praticavam a livre
expressão dos sentimentos. Esses novos
punks do “paz e amor” chegam a chorar
de forma compulsiva nos shows e são contra
a violência.
Mas o que são
essas “tribos”? Segundo Lemos (2003),
são formas socioculturais que emergem
uma relação simbiótica entre
a sociedade, a cultura e as tecnologias digitais
voltados para a comunicação. Como
podemos ver na pesquisa, as tribos são
formadas dentro e fora da rede. Essas tribos
se estruturam motivadas por sentimentos de afinidades
e pelo prazer estético (Mafesoli, 2005).
A Internet é
a principal ferramenta de disseminação
desta “tribo”. As redes sociais,
como o orkut, blogs e fotologs
são muito utilizados por esses adolescentes.
Mesmo assim, por causa do preconceito5,
é difícil achar um blog de um adolescente
assumindo que é um emo. A principal razão
disso é a questão sexual, os emos
aceitam qualquer opção sexual e
beijam pessoas do mesmo ou do sexo oposto.
Blogs
de Emos assumidos – a visualidade romântica
Pesquisamos
na rede mais de 100 blogs de adolescentes
que tinham como tema a palavra emo. Muitos tratam
do tema (a favor ou contra), mas poucos adolescentes
têm a coragem para assumir na rede mundial
de computadores que são emos. Analisamos
três blogs atualizados de adolescentes
que assumiram. Uma do sexo feminino e dois do
masculino.
O primerio blog
pesquisado é de uma adolescente de 14
anos, chamada Thaís, que assumiu ser emo
depois que leu uma reportagem publicada na rede
sobre os emos. O blog “quando
as estrelas caem”6
é caracterizado pela adolescente como
a vida dela. “Esse não é
mais um blog de poesias nem frases para se refletir...
trata-se da minha vida (monótona ou não)
cabe a vc escolher!!!!!”. No dia 01 de
maio de 2006 ela assume ser emo em um post que
não recebeu nenhum comentário.
Andei pensando.
Eu seria mesmo emo? Andei lendo uns sites, fóruns
sobre emos, o ódio que sentem por eles
(ou por nós, não sei...). Bom
, no post do dia 24 de abril eu me identifiquei
como uma garota de 14 anos, que ama a vida e
que está se sentindo EMO.
Bom, eu ainda me sinto emo. Ainda mais depois
que li essa reportagem que retirei do site http://www.emo303.pop.com.br
. ai sim eu achei que sou emo. AGORA É
CERTEZA. (Quando as estrelas caem, 2006)
A definição
de blog, de acordo com a Wikipédia: site
usado como diário na web, para publicar
informações pessoais ou pertinentes
a um determinado assunto, atualizado diariamente.
(Wikipédia, 2006)
Fig 3 - O blog
“quando as estrelas caem”
O blog “quando
as estrelas caem” se caracteriza visualmente
por uma linguagem mais romântica. Mas o
que seria esse romantismo? O romantismo foi,
nos séculos XVII e XVIII, um movimento
literário e filosófico, mas que
até hoje deixou suas marcas e diseminou
seus conceitos na cultura contemporânea.
A obra “Os
sofrimentos do jovem Werther” de Goethe
é considerado um marco dessa estética.
Escrito em forma de diário, seu final
é dramático, no qual Werther, o
personagem principal, comete suicídio.
Na época do lançamento do livro,
que fez enorme sucesso entre os jovens europeus,
houve inclusive uma onda de suicídios
por causas amorosas (no livro, Werther se mata
devido a um amor frustrado por Carlota).
O romantismo
é um dos movimentos mais contraditórios
da sociedade moderna, tendo características
bastante opostas entre si, como o nacionalismo
e o individualismo, por exemplo, em termos políticos.
No entanto, em seu âmago encontramos alguns
pontos que ainda parecem nortear os indivíduos
na pós-modernidade como a subjetividade
extrema. De acordo com os pesquisadores Löwy
e Sayre:
Sua natureza
de coincidentia oppositorum: simultânea
(ou alternadamente) revolucionário e
contra-revolucionário, individualista
e comunitário, cosmopolita e nacionalista,
realista e fantástico, retrógrado
e utopista, revoltado e melancólico,
democrático e aristocrático, ativista
e comtemplativo, republicano e monarquista,
vermelho e branco, místico e sensual.
Tais contradições permeiam não
só o fenômeno romântico no
seu conjunto, mas a vida e obra de um único
e mesmo autor, e por vezes um único e
mesmo texto. (Löwy e Sayre, 1995).
Os elementos
visuais que explicitam esse modo mais emocional
de expressão visual podem ser observados
na cor azul neutra aplicada ao fundo do blog,
que remete à uma cor mais utilizada para
ambientes onde o clima cromático estimula
a calma e a tranqüilidade. A fonte utilizada
para o título da página, a escrita
feita à mão livre, tipo “escrita
corrida”, que difere da letra de fôrma
e é bem mais trabalhada, com mais detalhes
e formas orgânicas, em contrapartida a
fonte dos textos, que mantém o padrão
utilizado na web – sem serifa7
como Arial e Verdana - o fato de não possuir
serifa a faz mais legível, porque as letras
precisam ajustar-se em pixels na tela,
tornando mais limpas as formas das letras no
monitor de um computador. Outro elemento utilizado
é a transformação da seta
que indica o funcionamento do mouse em forma
de uma estrela que muda de cor, representando
bem essa realidade infantilizada dessa tribo.
Em relação
à estrutura da informação,
como se organiza visualmente o blog – em
três colunas – dispõe de informações
bem características dessa categoria de
site pessoal, como Avisos, Perfil, Links, Mural,
Banners de amigos e anunciantes e o
Diário.
O segundo blog
pesquisado é o “Vertigem Vivente”8
do adolescente Gabriel, que mora em São
Paulo e não define a idade no perfil do
blog. No dia 12 de abril de 2006 ele
publica o seguinte post:
Eu sou emo.
Sim, meus caros. Eu sei que isso causará:
1- Vontade de me matar e 2- Tentativa de fingir
que não me conhecem. Oh, bem. Vejamos,
que prejuízo declarar isso me trará?
Eu acho que emo é uma pessoa com capacidade
de expressar suas emoções, que
são irrefreáveis. É uma
pessoa sem limites no que diz respeito a sentimentos.
É uma pessoa com amor infinito, não
um bebê chorão. Infelizmente, o
mundo parece que se esquece ou nunca viu desse
jeito. Bem, eu não me importo com isso.
Eu gostaria, sim, de conseguir viver sozinho,
de não precisar de amigos ou de amor.
Não posso. Ser emo não é
uma escolha, é a única opção
(vertigem vivente, 2006).
Esse post recebeu
um comentário. “Nara 100 said...
Querido, você não é emo,
eu também não sou, apesar de achar
que sou o que você escreveu no post. Ao
contrário disso, os emos é que
são nós”.
Fig. 4 - blog
“Vertigem Vivente”
Já o
blog “Vertigem Vivente”
utiliza a metáfora visual de papel envelhecido
para mostrar essa característica romântica,
uma vez que nos transporta para os tempos das
cartas escritas à mão. O fundo
do blog é preenchido por uma
textura que se assemelha a um papel de parede
antigo, austero nas cores, uma maneira de identificar
a ligação com os preceitos românticos
que valorizam do sentimento. Em relação
a diagramação, segue uma proposta
formal de blog, com uma estrutura básica
de duas colunas, nas quais se dividem em coluna
esquerda, com os links dos tópicos
publicados mais recentes e na coluna direita
o tópico mais recente na íntegra.
Abaixo dele está o espaço para
comentários. As linhas horizontais são
úteis para dividir o site visualmente
em seções, para facilitar a hierarquização
da informação pelo usuário,
que consegue delimitar as áreas com as
diversas informações ali disponibilizadas.
O terceiro blog
“Quireten”9
de adolescente que assume ser emo é do
Fronga que não identifica idade e cidade
que mora no perfil. No dia 28 de janeiro de 2006
ele escreveu que era emo. “Sou emo, a partir
de agora, sou emo. Então: Querido diário
emo, hoje falaram que minha franjinha e que meu
lacinho azul-bebê são coisa de viado.
Eu dei uma risadinha....”. Esse post recebeu
21 comentários que não são
abertos a leitura pública. Um mês
depois, em 22 de fevereiro de 2006, ele assume
novamente a opção e recebeu 13
comentários que também não
puderam ser lidos.
Sou emo (Parte
2) De tanto fazer piadinhas com emos, acabei
virando emo mesmo.Sério.Meio estranho,
pô.Eu deveria escrever um post diarinho
sobre minha primeira semana na faculdade, ou
falar de um evento de animes que me meti semana
passada. Foi bem nerd. Eu vou fazer... (Fronga,
2006)
Fig. 5 - blog “Quireten”
O terceiro blog
analisado já dispõe de layout
mais simples, com uma barra superior que identifica
o propósito ou título da página.
Abaixo, em diagramação formato
de editor de texto estão os tópicos
publicados no site. Abaixo dos tópicos
ficam os comentários. Esse tipo de diagramação
não é nem um pouco adequada para
navegação. Como é muito
simples não disponibiliza ao usuário
nenhuma vantagem, como links, banners
ou qualquer tipo de imagem que “seduza”
a entrar. Somente o assunto abordado parece ser
o atrativo desse site pessoal.
Como em quase
todos os blogs, existem modelos de layouts
disponíveis aos que desejam criar seu
espaço pessoal. Somente usuários
mais experientes em tecnologias de edição
de html (Hiper Text Markup Language)
- linguagem que transforma códigos em
texto e imagens nos navegadores da Internet -
podem formatar visualmente seus blogs
à sua maneira. Pode-se afirmar então
que o design da grande maioria dos blogs
fica restrita à modelos (chamam de templates)
pré-estabelecidos. Mas a tendência
é de que as interfaces de edição
de html fiquem cada vez mais acessíveis
ao público leigo, deixando a limitação
ferramental de lado para que “se dêem
asas” a todas as possibilidades de criação
de identidades digitais, para que haja a personalização
não somente do conteúdo, como já
ocorre, mas também dos layouts
das páginas de blogs. Essa característica
de personalização pode ser uma
das mais importantes nesse meio de comunicação,
de acordo com Luli Radfahrer, PhD em Comunicação
Digital, professor doutor da ECA-USP, algumas
das características dessa comunicação
visual devem ser levadas em conta na Internet:
Hipertexto
– cada assunto abordado em um documento
pode apresentar diversos níveis de profundidade,
conforme o interesse do leitor;
Manipulação – um mesmo conteúdo
pode ser visualizado, alterado e transformado
várias vezes;
Participação – o receptor
participa no processo de comunicação
de forma ativa, determinando que mensagens quer
escutar, definindo quando quer ser emissor;
Partilha – um mesmo documento pode ser
manipulado simultaneamente por diversas pessoas;
e
Personalização – um documento
pode ter um formato e/ou abrangência específicos
para cada usuário. (Radfahrer, 2003).
A relação
de vínculo imediato, o hipertexto, nos
leva à decisão consciente de aprofundamento
em determinado assunto por meio dos documentos
ligados ao texto principal. O poder de decidir
se deve ou não se aprofundar em determinado
assunto é do usuário. Ele só
sabe mais se quiser.
A manipulação
de conteúdo facilita a todos, tudo pode
ser atualizado na Internet com custos reduzidos
e acessado de qualquer lugar do mundo onde exista
conexão com a rede mundial de computadores.
A participação
do usuário de maneira ativa, podendo agir
como emissor, interagindo ativamente e interferindo
no resultado de sites que podem proporcionar
essa experiência, como nos blogs.
A partilha,
uma das melhores e mais vantajosas contribuições
que a Internet trouxe às nossas vidas,
pode ser utilizada ilimitadamente por meio troca
de e-mails, participação
em blogs, chats, e outros softwares
que permitem a transformação dos
dados, que podem ser alimentados e realimentados
por todos, contribuindo assim, para uma espécie
de desenvolvimento multilinear desses dados e/ou
informações.
Com esse novo
suporte de dados pode-se personalizar o formato
dos dados de acordo com a configuração
utilizada pelo usuário, sendo importante
o conhecimento prévio de operação,
que segue cada vez mais fácil, para que
todos os usuários, independente do repertório
técnico de operação, possam
adequar a interface de comunicação
às suas necessidades de interação.
Todas essas
características, que num primeiro momento
aparecem plenas em uma análise mais simplista
sobre o assunto, são reais, mas ainda
pouco utilizadas em sua totalidade como instrumento
de interação. Os vários
ruídos de comunicação e
de desenho de interface persistem à medida
que a personalização existe, mas
em um nível mais experto de participação
ativa. Essa “ponte” que une o usuário
aos dados e que permite que dados se transformem
em informações deve estar cada
vez mais presente nesse meio multimidiático,
trazendo uma contribuição realmente
significativa ao ganho do conhecimento e das
relações sociais, comerciais e
econômicas de toda sociedade.
Considerações
Constatamos
que com a rede mundial de computadores os adolescentes
possuem um canal de comunicação
com outros adolescentes que aprovam ou criticam
o que escrevem nos seus blogs, sites,
orkut ou fotologs. Os três
blogs pesquisados mostram que cada adolescente
descobriu que era emo de maneira diferente uma
lendo na rede, o outro diz que não é
escolha é a única opção
e o outro criticando, fazendo piadinhas e que
mais tarde se identificou e assumiu. A rede é
uma poderosa fonte de pesquisa e de relacionamentos,
facilitando aos usuários o descobrimento
de novas tribos, novas culturas e principalmente
de novos aprendizados.
Essa junção
da emoção com os aparatos tecnológicos
traz esses hibridismos, bem característico
dos tempos atuais. A união do romantismo
emocional com a linguagem visual da internet
representa também o comportamento das
tribos que surgem na atualidade. Esse eterno
revival misturado com elementos do dia-a-dia
dos jovens resulta sempre numa cíclica
busca à sua própria identidade,
bem típica dos jovens.
Notas:
1
Conceito advindo dos Estudos Culturais britânicos
e que trata das culturas que se encontram à
margem do grande público durante um determinado
tempo. As subculturas a princípio são
formas de contracultura juvenis que acabam influenciando
o resto da sociedade. Ver Gelder e Thornton (1997).
2 De acordo
com a Wikipédia “Vivienne Westwood
(nascida Vivienne Isabel Swire em Tintwistle,
Cheshire, inglaterra em 8 de Abril 1941) é
uma designer de moda inglesa amplamente responsável
pelas tendências de moda punk e new wave.
(http://en.wikipedia.org/wiki/Vivienne_westwood).
O site oficial de Westwood é (http://www.viviennewestwood.com/flash.php)
3 É
interessante destacar que a própria tribo
tem sido alvo de piadas e brincadeiras irônicas
como as dublagens das matérias de programas
de televisão que estão disponíveis
para serem assistidas no You Tube (http://www.youtube.com)
.
4 A chamada
atitude DIY (Do It Yourself/ Faça Você
Mesmo) é um dos lemas da cultura punk
(O´HARA, 1999) e, na cibercultura é
potencializado através da facilidade de
publicação permitida pelas tecnologias
de comunicação, seja através
de blogs, comunidades virtuais, etc.
5 Destacamos
que está no próprio processo discursivo
e de hierarquia social das subculturas não
assumir um rótulo ou pertencimento ao
próprio grupo (Gelder e Thornton, 1997).
6 (http://quandoasestrelascaem.blogspot.com/2006/05/emocional.html)
Serifa - são
os pequenos traços e prolongamentos que
ocorrem no fim das hastes das letras.
7 (http://vertigemvivente.blogspot.com/2006/04/eu-sou-emo.html)
8
(http://qhireten.moved.in/blog/2006/01/)
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Mag.
Aletéia Ferreira
Professora da Faculdade OPET,
do SENAC-PR e integrante do GP Cibercultura,
Brasil.
Mag.
Josiany Fiedler Vieira
Integrante do GP JOR XXI
e Cibercultura, Brasil.
Mag. Paula
Rigo
Integrante do GP Cibercultura,
Brasil. |